sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
- Que diabos, essa tranca não fecha...
...entramos nessa casa aparentemente abandonada. Era necessário sermos rápidos, afinal não tínhamos certeza se ele nos viu.
- Tenta colocar alguma coisa, um pedaço de madeira, sei lá.
Sussurrou ela no meu ouvido. Diferente dos sussurros de outrora, esse demonstrava o pânico, que não era muito diferente do meu, afinal por apenas alguns segundos não tivemos qualquer pedaço do corpo decepado. Precisávamos fugir, mas sair agora significava delatar nossa posição, nosso refúgio, e isso era algo que realmente não nos interessava.
Mesmo sem tranca, aquele era o local.
Uma cama com lençóis desarrumados, um bidê com uma Seleções antiga contando a história de dois aventureiros que sobreviveram a um deslize da grande montanha gelada na Antártida, uma xícara aparentemente suja com algumas teias de aranha, e um guarda-roupa velho, sem uma das portas, a terceira contando do lado da fatídica porta sem tranca e as outras com marcas de marteladas por todos os lados. Realmente era um cenário assustador, mas, quem se importava com isso?! Ele estava nos perseguindo, e mesmo qualquer barulho agora poderia ser fatal.
– E se essa for a casa dele? – Perguntou ela. Não seria de se admirar afinal com a sorte que estamos qualquer coisa seria possível.
Tentei arrastar uma gaveta do guarda-roupa, mas o barulho que ele fazia era de assustar até os diretores dos velhos filmes de terror. Só nos restava ficar aqui e torcer para que o faro aguçado daquela criatura não percebesse o medo escorrendo em nossa face.
Após algumas horas, as corujas já começaram a dar sinal de vida, e nós não aguentamos mais ficar acordados. O sono já começou a nos vencer, mesmo com o medo ainda latente nas nossas veias, isso já não era mais o suficiente para manter nossos olhos abertos. Largamos nossas coisas encima do bidê velho e olhamos a hora no celular pela primeira vez naquela noite. Já passava das duas horas da manhã, e os cães na rua começavam a criar a sua própria sinfonia. Pensei que talvez o remédio que ele tinha nos dado já começara a fazer o seu efeito. Olhamos uma outra vez, e quarenta minutos já tinham se passado, e da próxima, mais quinze.
Olhei pro lado e percebi ela dormindo nos meus braços. Depois de segurar alguns espirros pelo pó que saía do lençol, ela finalmente conseguiu descansar. Olhei pela última vez no celular e já era próximo das cinco da manhã. Por um segundo pensei que não seria muito arriscado fechar os olhos apenas um segundo...
– TRRRRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIMMMMMMMMMM...
– MALDITO CELULAR!!! – Acordei de susto, o coração querendo sair pela garganta da mesma maneira que acontecia quando era pequeno e meu pai me acordava para ir ao colégio, ficava a manhã toda alerta, com os braços dormentes. –MALDIÇÃO–, pensei antes de pegar o celular. Olhei para os pés da cama e ali estava ele, estático nos olhando dormir.
Tentei gritar, mas minha voz já não respondia. Olhei para o lado e tentei acordá-la.
Nada...
– COMO PODE DORMIR TÃO PROFUNDAMENTE?! – Tentei tirá-la de cima do meu braço. Ela apenas rolou pro lado. Seus pulmões não mais se mexeram e seu coração já não pulsou nem uma vez. Pensei que havia chegado o meu fim. Lembrei de todos os momentos felizes que passei com ela. Meu pensamento entrou em devaneio, no último momento de lucidez, antes de olhar pela última vez a manchete da revista “A morte estava aos pés deles”. Que ironia! Olhei para a porta. Uma luz vinha de fora e ofuscava a visão fazendo com que eu apenas conseguisse ver a silhueta dele e algo na sua mão. Não consegui decifrar o que era, e nem mais me interessava. Apenas percebi que fazia um som agudo enquanto cortava o ar em minha direção....
...entramos nessa casa aparentemente abandonada. Era necessário sermos rápidos, afinal não tínhamos certeza se ele nos viu.
- Tenta colocar alguma coisa, um pedaço de madeira, sei lá.
Sussurrou ela no meu ouvido. Diferente dos sussurros de outrora, esse demonstrava o pânico, que não era muito diferente do meu, afinal por apenas alguns segundos não tivemos qualquer pedaço do corpo decepado. Precisávamos fugir, mas sair agora significava delatar nossa posição, nosso refúgio, e isso era algo que realmente não nos interessava.
Mesmo sem tranca, aquele era o local.
Uma cama com lençóis desarrumados, um bidê com uma Seleções antiga contando a história de dois aventureiros que sobreviveram a um deslize da grande montanha gelada na Antártida, uma xícara aparentemente suja com algumas teias de aranha, e um guarda-roupa velho, sem uma das portas, a terceira contando do lado da fatídica porta sem tranca e as outras com marcas de marteladas por todos os lados. Realmente era um cenário assustador, mas, quem se importava com isso?! Ele estava nos perseguindo, e mesmo qualquer barulho agora poderia ser fatal.
– E se essa for a casa dele? – Perguntou ela. Não seria de se admirar afinal com a sorte que estamos qualquer coisa seria possível.
Tentei arrastar uma gaveta do guarda-roupa, mas o barulho que ele fazia era de assustar até os diretores dos velhos filmes de terror. Só nos restava ficar aqui e torcer para que o faro aguçado daquela criatura não percebesse o medo escorrendo em nossa face.
Após algumas horas, as corujas já começaram a dar sinal de vida, e nós não aguentamos mais ficar acordados. O sono já começou a nos vencer, mesmo com o medo ainda latente nas nossas veias, isso já não era mais o suficiente para manter nossos olhos abertos. Largamos nossas coisas encima do bidê velho e olhamos a hora no celular pela primeira vez naquela noite. Já passava das duas horas da manhã, e os cães na rua começavam a criar a sua própria sinfonia. Pensei que talvez o remédio que ele tinha nos dado já começara a fazer o seu efeito. Olhamos uma outra vez, e quarenta minutos já tinham se passado, e da próxima, mais quinze.
Olhei pro lado e percebi ela dormindo nos meus braços. Depois de segurar alguns espirros pelo pó que saía do lençol, ela finalmente conseguiu descansar. Olhei pela última vez no celular e já era próximo das cinco da manhã. Por um segundo pensei que não seria muito arriscado fechar os olhos apenas um segundo...
– TRRRRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIMMMMMMMMMM...
– MALDITO CELULAR!!! – Acordei de susto, o coração querendo sair pela garganta da mesma maneira que acontecia quando era pequeno e meu pai me acordava para ir ao colégio, ficava a manhã toda alerta, com os braços dormentes. –MALDIÇÃO–, pensei antes de pegar o celular. Olhei para os pés da cama e ali estava ele, estático nos olhando dormir.
Tentei gritar, mas minha voz já não respondia. Olhei para o lado e tentei acordá-la.
Nada...
– COMO PODE DORMIR TÃO PROFUNDAMENTE?! – Tentei tirá-la de cima do meu braço. Ela apenas rolou pro lado. Seus pulmões não mais se mexeram e seu coração já não pulsou nem uma vez. Pensei que havia chegado o meu fim. Lembrei de todos os momentos felizes que passei com ela. Meu pensamento entrou em devaneio, no último momento de lucidez, antes de olhar pela última vez a manchete da revista “A morte estava aos pés deles”. Que ironia! Olhei para a porta. Uma luz vinha de fora e ofuscava a visão fazendo com que eu apenas conseguisse ver a silhueta dele e algo na sua mão. Não consegui decifrar o que era, e nem mais me interessava. Apenas percebi que fazia um som agudo enquanto cortava o ar em minha direção....
1 Comentário:
Alisson Muito massa isso, não sabia que vc escreve contos ... parabéns pela iniciativa ... eu não escrevo contos, mas arrisco poesias as vezes =)
abraço Aline Zanin
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