Livro Review - Fios de Prata [Reconstruindo Sandman]



“Tu inspiraste Rowling, e foi nas terras de Morpheus que se moldou Hogwarts. Tu inspiraste Tolkien, e foi nas terras de Phantasos que se anexaram as extensões de Terra-Média. Tu inspiraste Lovecraft e em minhas terras se fixou Miskatonic. Então eu te pergunto com sinceridade, anjo: até onde vai tua vontade de ser coadjuvante em um mundo de formas e pensamentos?”

Bom. Eu acabei neste momento de ler o livro Fios de Prata, do Raphael Draccon e simplesmente não tenho ideia de por onde começar essa resenha/review.

Este livro traz como enredo o mito de Sandman (Criado por Neil Gaiman), ou, Morpheus, um Deus-Menor Grego, governante do Sonhar.

A criação de Gaiman é tão influente na literatura que em algumas vezes chega até a ser confundido com o próprio deus mitológico e, como cita o Raphael, isso é um dos estopins que dá origem aos conflitos no Sonhar na história do livro, em meio a acontecimentos que entrelaçam ficção e fatos reais e alteram a realidade humana.

Como de praxe, vou tentar não fazer spoilers pois, sabe como é né... Spoiler é mal, não faça spoiler, spoiler nao presta :P, porém, citando a trama, Mikael Santiago, conhecido como Allejo é nosso personagem principal. Um homem disposto à descer até os círculos do Inferno em busca do amor de sua vida.

Através disso se desenha uma guerra de proporções capazes de colocar em risco sete bilhões de sonhadores na face da terra e além.

Em um primeiro momento (fugindo um pouco da história do livro), eu comecei a lê-lo pois sei da qualidade do autor e com certeza iria viajar à terras distantes, e passar momentos incríveis com o pensamento longe do corpo percorrendo as páginas do livro.

Porém ao começar a lê-lo (pouco eu sabia do mito do Sandman), eu comecei a me identificar de uma outra maneira com o livro. A trama se passa no Sonhar, e a frase destacada no livro nos leva a perceber que o Anjo dos Sonhos é o responsável por influenciar as grandes obras da literatura, os grandes artistas que já passaram pela orbe terreste. E isto me chamou atenção justamente porque 90% dos contos encontrados aqui no blog foram sonhos que tive e, quando acordei, transcrevi-os para o computador, transformando-os em histórias.

Então comecei a ler sem expectativas, apenas aguardando o que estaria por vir. Mas o que aconteceu foi  algo quase surreal.

Logo nas primeiras páginas, minha atenção se prendeu ao livro de uma maneira que dificilmente eu consiga lembrar alguma outra vez que tenha acontecido.

Em um dado momento, eu estava correndo os olhos nas frases quando o personagem principal estava correndo perigo, e logo depois consegui me sentir no meio de uma pista de dança apreciando uma dança sensual que me fez delirar.

Esta atenção conseguiu ficar aprisionada no livro até... pasmem... o último virar de folhas.

Meus pensamentos, por vários momentos, se uniram aos sonhos e pensamentos bons de mais de sete bilhões de sonhadores em busca de um ideal.

As páginas finais do livro são um caso a parte. Ao contrário do que acontece com boa parte dos livros que li ultimamente, o desfecho, ao invés de decepcionar ou dar uma decaída, é praticamente duas vezes melhor que o decorrer do texto. O final é impressionante e surpreendente, fazendo com que o leitor se mantenha no livro até [conseguir] fechá-lo. Estas páginas exalam amor, bondade e esperança. É possível sentir seu próprio coração pulsando na garganta, transformando aquelas palavras em esperança; em fé. Em amor.


Ao contrário da trilogia Dragões de Éter, em que um público, na minha opinião, mais jovem é atingido, este livro desde as primeiras páginas nos faz entender que desta vez, a fantasia busca atingir um público mais maduro, busca tocar fundo no coração das pessoas para que elas possam parar e refletir sobre o que está acontecendo ao redor delas.


Me desculpo pela minha limitação terrena em não conseguir pensar em palavras capazes de descrever as emoções que passaram por mim ao ler este livro, do princípio ao fim. A única coisa que posso fazer é recomendar fortemente que todos leiam-no, pois a mensagem contida em suas páginas, transcendem o limite da fantasia e tocam fundo na alma.

E o adendo à leitura do livro, fica minha jornada Épica pela Bienal no Domingo, passando a cada 20 minutos na Leya, perguntando pras atendentes se o Raphael estava no estande para que eu pudesse autografar o livro... Até que quase 19 horas da noite CONSEGUI finalmente meu autógrafo \o/.

Nota: 10



De Raphael Draccon...

Fios de Prata
           Reconstruindo Sandman