A Última Folha

A última folha caiu da árvore. Aquela grande folha marrom de plátano suavemente bailava até tocar o solo. Era o fim do Outono. Os campos, antes verdejantes e cheios de margaridas e copos-de-leite, logo ficaram marrons. A geada terminava de pintar a paisagem com cores completamente sem vida. E aquele velho homem sabia o que isso significava. Ele esperava por esse momento por doze invernos. O crepúsculo se aproximava. Chegava a ser uma blasfêmia pensar sobre o que devia ser feito. Já tinha separado algumas poucas provisões, afinal o peso não era um aliado em potencial. Também separou algumas garrafas de água e um canivete, que era uma ferramenta imprescindível naquela jornada. Agradecia cada dia pelos suíços terem inventado um artefato tão incrível como aquele. O vento começou a soprar mais forte. - A hora se aproxima - pensa ele enquanto termina de dobrar alguns pedaços de pano que em algum momento talvez foram chamados de vestes novas, mas que agora nada além de trapos para cobrir-se quando os primeiros flocos de gelo começassem a cair. Chegava a sentir calafrios cada vez que pensava as dificuldades que tinha certeza que passaria. Mas não havia problema, ele tinha feito cada passo que deveria dar em sua mente.

Novidades

E aí pessoal... só pra não deixar o blog parado no fim de semana venho com algumas novidades...

Uivo nas Sombras

Ouço aquele uivo. Um uivo que parece percorrer minha espinha de uma ponta à outra. Até o último fio do meu corpo parece levantar-se para ouvir aquele som agudo ao longe nas montanhas.
O som das poucas madeiras que consegui recolher crepitando no fogo dão um visual muito mais do que sombrio, banhado pelo anoitecer dessa lua cheia. O desfiladeiro ao longe marca o local da passagem que eu deveria chegar em 3 dias de caminhada, mas a realidade me mostrou que não devo confiar em previsões. Estou aqui sentado, segurando um pedaço de metal, cozinhando um pequeno coelho raquítico que consegui pegar pouco antes de escurecer. O cheiro já começa a fazer efeito. Escuto um número cada vez maior de passos ao redor de mim. Mesmo sem conseguir vê-los, sei que estão lá. Consigo praticamente sentir o calor das suas respirações. Começo a suar frio. Aquele uivo. Não parece normal... Esses demônios peludos geralmente emitem um som mais agudo, mas esse foi diferente, foi como uma sentença. Estaria ele tentando me distrair? Ou até quem sabe me avisar do que estava por vir, ou talvez apenas fazer meu sangue gelar.

Revolto

O mar revolto, o céu escuro, o pavor no rosto de cada marujo que comigo desbravava aquele mar do novo mundo. Novas terras, novas mulheres, novos bens para pilhar... Yo-ho yo-ho! Realmente parecia um sonho. E seria mesmo, afinal léguas e tempestades a fio nosso glorioso Turbilhão Prateado nunca rangeu, seja para algum maremoto, ou tufão qualquer. Mas esse parecia diferente... estava diferente. Os antigos diriam que Netuno está mostrando toda a sua ira pelos nossos homens terem saqueado alguns velhos sacerdotes ou aberto algumas tumbas, importunando os mortos, ou até roubado alguns dobrões do ouro maldito em algum templo. Mas hoje em dia quem se importa com isso? Até onde sei, apenas devemos temer o gigante dos mares, com seus tentáculos monstruosos, e dentes que mais parecem pontudas e finas adagas, mas ainda assim ele não seria páreo para nossa velocidade.

Último Suspiro

O cigarro cai da mão ao mesmo tempo que encho meus pulmões pela última vez.
Aquele som terrivel de um pagode tocando ao fundo
Não consigo pensar em mais nada além do seu lindo rosto
Sorrindo pra mim...
Iluminando a minha face, ao mesmo tempo em que apontava o assassino....

Epidemia

Segue transcrição de uma gravação encontrada em meio aos escombros da velha cidade de Pripyat:

“Já estamos entrando numa nova década, e em vez de nos preocuparmos com os problemas iminentes, como a escassez de água ou pra onde iremos jogar tanto lixo, temos que nos preocupar com a epidemia.

Guerras Medievais I

Não conheço o princípio deste lugar onde chamamos de lar, apenas ouço histórias, contadas por meus pais, que ouviram dos pais deles. Desculpe-me se essa história parece um conto para crianças dormirem. Eu também custava a acreditar nas fantásticas histórias de batalhas travadas na Primeira Grande Guerra. Vou lhes contar o que a minha frágil memória ainda consegue recordar:

Oculto

Olho de um lado para outro sem saber exatamente o que tento enxergar...
- Aquela luz, sempre ela, e esse som...
Coloco as mãos na cabeça, tentando tapar os ouvidos, mas o barulho parece florescer dentro dos ossos.
Viro para o lado, os devaneios começam no mesmo instante.
- Não perca a consciência idiota, jah chegou tão longe!